quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ensinar os Nativos Digitais!!!!!!!

Retirado do Blog. Caldeirão de Idéias.
16 de Dezembro, 2010, Jorge Simões
Mark Prensy em dois artigos publicados em 2001 (Prensy, 2001a e Prensky, 2001b) e, mais recentemente, no livro Teaching Digital Natives – Partnering for Real Learning, apresenta a sua visão sobre a geração de pessoas que, nascidas nas décadas de 1980 e 1990, estavam a entrar no século XXI tendo vivido sempre imersos num mundo dominado pela tecnologia. Esta geração, que Prensky designa por nativos digitais, cresceu tendo como “língua” nativa a linguagem digital das tecnologias de informação e comunicação. Por oposição, as gerações anteriores, onde encontram ainda muitos dos professores dos nativos digitais, são imigrantes digitais. Estes podem aprender a nova “língua” digital, mas esta nunca será a sua “língua” nativa. Por isso, falarão sempre a “língua” digital com sotaque. A partir desta visão metafórica do contexto em que vive a geração dos nativos digitais, Prensky defende a necessidade de uma adaptação radical dos métodos de ensino a essa realidade onde coexistem as diferentes vivências dos alunos, os nativos digitais, e as dos seus professores, os imigrantes digitais. A existência dos nativos digitais é também defendida por Downes (2006) e por Tapscott (1998) que designa essa geração por “net generation”. Os nativos digitais são também designados por geração Y.
A contrapor a estas perspectivas de existência de uma geração digital em relação à qual os sistemas de ensino tradicionais se encontram defasados há quem defenda a procura de mais evidências empíricas que sustentem a necessidade de adaptar os sistemas de ensino aos nativos digitais. Bennett, Maton e Kervin (2008) criticam a existência de uma geração digital tão distinta das gerações anteriores que obrigue a novos métodos de ensino. Defendem a necessidade de estudos mais aprofundados argumentando que o uso de tecnologias e as competências digitais reveladas pelos indivíduos da geração actual de estudantes não é uniforme. Embora reconhecendo que vivemos num mundo fortemente influenciado pela tecnologia assim como a adesão das gerações mais novas a essa realidade, argumentam a necessidade de aprofundar a investigação neste domínio e evitar o que designam por “pânico moral”.
Independentemente da polêmica à volta deste tema e de haver a necessidade de investigar com maior profundidade a adaptação dos sistemas de ensino aos nativos digitais, a existência desta geração digital é um fato. E não faltam estudos empíricos que o demonstram: ver, por exemplo, os posts Inquérito EU Kids Online: Políticas de Segurança na Internet e Software Social no Ensino e os estudos da Kaiser Family Foundation e da Nielsen Company.
Qual será então o caminho a seguir? Como garantir que a sociedade futura seja constituída por pessoas com conhecimentos e competências mais desenvolvidas? O que é que no futuro, será importante conhecer e de que forma se deve obter esse conhecimento? Quais as competências a desenvolver? As respostas a estas questões dependerão do que a sociedade atual entender o que deve ser uma pessoa instruída no século XXI (ver Competências para o Século XXI e Marc Prensky’s Essential 21st Century Skills).
Independentemente das respostas só é possível um ensino de qualidade com professores competentes, cientificamente bem preparados, alunos motivados e uma sociedade que promova a aquisição de conhecimentos e de competências como um dos seus valores fundamentais. A tecnologia será apenas mais uma ferramenta que auxilia no processo? Se há uma coisa que a Web 2.0 nos ensinou é que o importante são as pessoas e as suas interações e não as tecnologias. Estas têm um lugar importante mas para muitos são apenas um meio. No entanto, na opinião de Siemens (2009), a tecnologia não é neutra. A tecnologia é filosofia. As ferramentas moldam a visão que os indivíduos têm do mundo e influenciam as suas ações.
Um projeto como o escolinhas.pt tem o mérito de envolver todas as pessoas e entidades com responsabilidades da formação das gerações mais novas: encarregados de educação, professores, autarquias e sociedade em geral. Todos estes atores do processo educativo de crianças e jovens podem colaborar entre si e participar ativamente tirando partido de todas as ferramentas sociais da plataforma. As pessoas são o fundamental e a tecnologia apenas vem potenciar de forma cada vez mais significativa as suas interações, criando as necessárias sinergias para um ensino de qualidade e adaptado às novas realidades.
Referências:
Bennett, S., Maton, K. and Kervin, L. (2008), The ‘Digital Natives’ Debate: A Critical Review of the Evidence. British Journal of Educational Technology, 39: 775–786. doi: 10.1111/j.1467-8535.2007.00793.x.
Downes, S. (2006). E-Learning 2.0. eLearn Magazine.
Prensky, M. (2001a). Digital Natives, Digital Immigrants. On the Horizon, 9, 5, 1–6.
Siemens, G. (2009). Technology as Philosophy, Elearnspace.
Tapscott, D. (1998). Growing Up Digital: The Rise of the Net Generation. New York: McGraw-Hill.
Dica da sempre maravilhosa @profteresa

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